Que Lady Gaga é talentosa, criativa, icônica e talvez um pouco doidinha a gente sabe, porém, em 2011, a cantora chocou ao mundo após anunciar o lançamento do segundo single de seu novo álbum de estúdio para o dia 15/04 daquele ano.
Até aí tudo bem, uma música como qualquer outra, certo? Errado, pois se tratava de “Judas“, canção que traz uma roupagem religiosa, onde Gaga diz que está apaixonada pelo apóstolo que traiu Jesus em plena a Sexta-Feira Santa, feriado que segundo a mitologia cristã, marca a crucificação e morte de uma das deidades mais importantes da religião.
Na época, Gaga já era tratada por muitos religiosos como enviada de satã e até mesmo como o próprio na Terra, esse título foi dado pois a cantora sempre apoiou o movimento LGBTQA+ e durante a turnê “The Monster Ball Tour”, adicionou uma fonte de sangue falso com uma representação cristã de anjo durante a performance da canção “Alejandro”, que era encerrada com um beijo entre dois de seus bailarinos.
Só que lançar “Judas” em pleno feriado enfureceu mais ainda os líderes religiosos que tentaram boicotar a faixa e a cantora, obviamente, sem sucesso. A canção produzida por RedOne e pela própria Gaga alcançou a décima posição na Billboard Hot 100, parada de singles mais importante dos USA.
Mas a faixa vai além do que as polêmicas mostraram, pois Gaga explicou em diversas entrevistas que “Judas” fala sobre a briga entre a luz e as trevas, caras bons e maus, além de pureza e pecado.
Já em entrevista para o MSN Canadá a cantora afirmou: “‘Judas’ é uma metáfora e uma analogia sobre perdão, traição, as coisas que o assombram em sua vida e como eu acredito que é a escuridão de sua vida que finalmente brilha e ilumina a melhor luz que há sobre você. Uma vez, alguém me disse: ‘Se você não têm sombras, você não está na luz’. A canção é sobre livrar-se dos lados bons e ruins, sobre compreender e perdoar os demônios do seu passado para poder avançar à grandeza do seu futuro. Eu gosto de metáforas realmente agressivas — difíceis, grossas, obscuras —, e meus fãs as compreendem. É uma metáfora muito desafiadora e agressiva, mas ainda é uma metáfora.”
Um outro fato sobre a faixa é que o design da capa da canção foi feito pela própria artista utilizando programas nativos de um Windows 7.
Para gerar uma certa textura para, Gaga fotografou a tela de seu computador com seu Blackberry e assim nasceu a capa da canção. Essa informação foi revelada durante o episódio 41 do Gagavision, projeto onde a cantora mostrava os bastidores do seu processo criativo.
Originalmente, a faixa estava prevista para o dia 19 de abril, porém, devido vazamentos, foi decidido que teriam que antecipar o lançamento, coincidindo com a Sexta-Feira Santa.
Já o polêmico clipe da canção dirigido por Lady Gaga e sua ex-coreografa, onde a cantora é representada como Maria Madalena, foi disponibilizado apenas no dia 5 de maio de 2011.
Na época, o presidente da Liga Católica criticou a retratação de Gaga como Maria Madalena e disse que a artista era irrelevante e “não tinha talento de verdade”. Em contrapartida, a interprete da canção disse ao “E!” que o vídeo não tinha como objetivo atacar a religião e brincou que a única coisa controversa sobre o vídeo é que ela está usando Christian Lacroix e Chanel na mesma cena.
Uma curiosidade interessante é que em sua participação em “Os Simpsons”, os roteiristas brincaram com a situação dos ataques regiosos e com o fato de muitos acharem que a cantora era o diabo encarnado.
Mas as polêmicas não pararam por aí, já que durante a passagem da “Born This Way Ball” por alguns países mais tradicionais, ocorreram protestos pedindo a retirada de “Born This Way” e “Judas” da setlist do show, pedido que não foi acatado pela cantora que chegou ser confrontada pessoalmente em um certo momento. Você pode conferir toda essa movimentação a partir dos 7 minutos no vídeo abaixo:
Odiando ou amando, todos devemos admitir que “Judas” foi um movimento muito corajoso e extremamente icônico na carreira de Lady Gaga, que utilizou das polêmicas envolvendo seu nome e trabalho para promover arte, amor e igualdade, pois at´é mesmo os maiores haters, foram atrás do “Born This Way” para descobrir qual era o próximo movimento de uma das artistas mais excêntricas que já pisou no planeta.
