biografia

Com uma década de carreira, o cantor Pablo é ícone do arrocha baiano, um dos gêneros mais populares no estado

Aos 11 anos, Pablo disse ao pai que não queria mais a vida de vendedor de picolé que levava em Sergipe. Conseguiu uma carona com um motorista de ônibus e voltou para a terra natal, Candeias (BA), para fazer o que mais gostava: cantar. Foi com ele, inclusive, que o menino havia começado anos antes, aos 6 de idade, nas serestas da cidade. Hoje, já com uma década de carreira nas costas, Pablo, conhecido como A Voz Romântica, é um dos maiores nomes do arrocha na Bahia. Vaidoso, sempre bem vestido, com cuidadosos cortes de cabelo, aos 25 anos, ultrapassou o conceito de mero cantor. Pablo mantém uma empresa de produção, carrega uma equipe com mais de 30 profissionais em seus shows, faz diversas apresentações semanais e ainda cria dois filhos pequenos.

Casado desde os 14 anos, Pablo é precoce em quase tudo. Decidiu os rumos da vida cedo, começou a cantar, assumiu o vocal da banda Asas Livres, vendeu muitos discos, saiu de casa, casou, comprou apartamento, tudo com menos de 16 anos de idade. “Meu primeiro dinheiro foi para comprar um apartamento para minha mãe, o segundo um pra mim”, explica, revelando que tudo o que possui na vida deve ao arrocha, estilo que ele ajudou a criar e a tornar popular. Há versões diferentes e outros que cobram a paternidade do gênero, mas Pablo é tido pelo público como o pai do arrocha. Ele diz que inventou o nome arrocha vendo os casais dançando de forma, digamos, mais quente, na plateia.

Pablo tem tanto envolvimento com o arrocha que se irrita quando confundem o estilo. “Fico chateado quando pegam o arrocha, que é um estilo romântico, e transformam em quebradeira, transformam numa bagunça. O arrocha é romântico, fala de amor, não é quebradeira. Pagode é pagode, axé é axé, lambada é lambada e arrocha é arrocha. É um estilo sensual, onde você pode dançar sozinho ou agarradinho”, justifica o músico, que era do grupo Asas Livres. A dança, outra característica marcante do gênero, segundo ele, surgiu naturalmente. “Quando as pessoas começaram a dançar agarradinho foi automático querer dançar com sensualidade, foi acontecendo”, relembra.

O estilo, na verdade, é filho direto da seresta, surgido das apresentações de cantores à base de teclado em bares de cidades do interior baiano. O arrocha, segundo Pablo, tem muito também da música sertaneja. “É o sertanejo baiano”, diz. Marcado pela forma simples como é apresentado, somente voz e teclado, o arrocha de Pablo hoje já se tornou algo maior. Tem teclado, claro, porém incrementado com dois violões, naipe de sopros e duas backings vocals. “No começo, a gente tinha teclado e voz, era a seresta, estava tudo lindo. O teclado é a alma do arrocha. Mas, fomos crescendo e vimos a necessidade de aumentar”, completa.

Pablo faz, atualmente, de 15 a 20 shows por mês, muitas vezes dois no mesmo dia, às vezes até três, especialmente nos meses de festa. Para isso, mantém uma produtora cuidando de sua carreira e uma grande estrutura para as viagens, com ônibus e caminhão próprios, que levam instrumentos, iluminação, cenários, painéis de LED e 30 profissionais, entre os oito músicos, quatro dançarinos, além de técnicos, roadies e produção. Ele prefere ir sempre com o próprio carro, para descansar um pouco mais. “Faço o que gosto, o que amo, mas é uma vida cansativa, com tantas viagens, tem os riscos, mas é assim, tudo tem um preço”, diz.