Uma chama nasceu
A chama engoliu o silêncio, rasgando a escuridão
O fogo cresceu enquanto perseguia a miragem de um sol inalcançável
Um estrondo despeja-se pelas fendas abertas
Um clarão momentâneo que queima os olhos
Atraído por um belo tremeluzir,
acreditava que sua única razão de existir
era arder ainda mais intensamente
No fim, consumiu a si mesmo e se espalhou em cinzas
Uma existência paradoxal
Um ponto de fuga de luz azul no tempo finito
Uma chama tornou-se cinza
Tudo recuou para uma quietude profunda
Um tempo e espaço imutável onde o instante e a eternidade se entrelaçam
O nome que ecoa das profundezas mais sombrias
O sinal da existência gravado na alma
O fogo desperta novamente como uma brasa das cinzas
A brasa, com seu calor resiliente, derreteu os grãos ásperos até torná-los translúcidos
Iluminou os olhos perdidos num canto da escuridão
Aqueceu os pés congelados de uma criança que vagava por uma floresta de inverno
A criança soltou um pequeno sopro
E assim, o sopro acendeu o fogo
A brasa volta a arder com a respiração quente
Enfim, a chama nasceu